quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Eles cresceram comigo... - parte 2









Eu achei que pudesse demorar um pouco mais para postar aqui a segunda parte, em função das outras coisas que eu tenho pra fazer.
Mas rever estes desenhos tem sido uma tarefa tão prazerosa, que eu acabei deixando o resto de lado, e me dedicando com mais exclusividade ao blog.
Então, vamos lá...
Vamos à segunda parte...







17 - Doug (Doug)
Doug era uma série transmitida quando eu já tinha tv à cabo em casa. Foi produzida pela Nickelodeon. Foi, na verdade, o primeiro Nicktoon produzido e exibido, e contava a história de um garoto de 11 anos, chamado () Doug.
Foi originado de um livro nunca publicado, chamado "Doug Got a New Pair of Shoes", do artista e criador da série Jim Jinkins e do escritor Joe Aaron.
Jim deu o nome de Doug ao personagem principal, depois que seu afilhado, Doug Eckhardt, se tornou reitor de Arte Histórica na Universidade da Pensilvânia. A ideia para o "Homem Codorna", um super-herói que o personagem Doug imagina em alguns episódios, foi baseada em um super-herói inventado pelo mesmo criador da série, quando ele era mais novo.
A série se passa na cidade fictícia de Bluffington, para onde Doug e sua família se mudaram, saindo de Bloatsburg.
Como a maioria dos desenhos que eu mais gosto, este também mostra a vida e as imaginações do personagem-título, um estudante chamado Douglas Yancey Funnie. Os outros personagens principais são seu cachorro Costelinha, seus amigos Skeeter, Valentine e Patti Mayonnaise. Mas eletem um inimigo, Roger Klotz, o valentão da escola. A maioria dos episódios começa com Doug escrevendo no seu diário os fatos mais recentes de sua vida, e o episódio exibido acaba por ser um flashback de Doug, que narra os eventos.
Eu enxergava uma certa depressão nesse desenho; e, curiosamente, era isso que me atraía...



Abertura: Doug









16 - Manda-Chuva (Top Cat)


É um desenho animado também criado pela produtora Hanna-Barbera, inspirado numa famosa sitcom chamada “The Phil Silvers Show”, que fez um grande sucesso entre 1955 a 1959, nos Estados Unidos. O show era estrelado por Phil Silvers no papel do Sargento Ernest G. Bilko, do exército americano, que passava a maior parte do tempo tentando armar algum tipo de golpe, para conseguir um dinheiro rápido. Pra isso, ele usava os soldados sob seu comando.
Com base neste personagem, nasceu um desenho animado tendo como fundo um líder malandro, na forma de um gato, de uma gangue, também de gatos, que vivia num beco em Nova Iorque.
Manda Chuva usava chapéu e um colete da mesma cor, e era um gato malandro, com uma grande aversão ao trabalho e também sabia ser bastante persuasivo quando queria conseguir alguma coisa.

Lembra alguém, será?

Além de líder de uma gangue de gatos desocupados, ele também muito amigo deles, e cada um tinha uma personalidade muito particular, e todos moravam num beco originalmente na ilha de Manhattan, em Nova Iorque, num complicado sistema de ruas e vielas, muito próximo ao Brooklyn, Queens e Bronx.
Uma freqüente linha do enredo de "Manda Chuva" girava em torno do policial local, o Guarda Belo, e suas tentativas ineficazes de expulsar a gangue do beco. A única razão para ele querer se livrar dos gatos era que Manda Chuva e sua gangue estavam constantemente tentando ganhar dinheiro rápido. E, normalmente, por meio de algum golpe.


Abertura: Manda Chuva








15 - A Formiga Atômica (The Atom Ant)


Em meados dos anos 1960, a Hanna-Barbera Productions (de novo ela) decidiu deixar um pouco de lado o seu já consagrado e confiável ramo de animais engraçados (Peter Potamus, Pepe Legal), para investir no gênero super-heróis, afinal Space Ghost e O Poderoso Mightor vinham conquistando cada vez mais espaço.
Mas, obviamente, a mudança não foi da noite pro dia.
O primeiro super-herói da Hanna-Barbera foi um inseto, que ficou conhecido como Formiga Atômica.
O herói vivia embaixo de uma árvore de carvalho, e obtinha sua força de uma geringonça atômica (que, na época, eu poderia jurar que era um teletransportador) guardado em seu laboratório. Quando a Formiga Atômica captava um chamado de perigo através de suas antenas, ela partia para a ação, sempre depois de gritar:

 - "Lá vai a triônica, Formiga Atômica!!!"
Combatia vilões como a Formiga Karate, Pulga Feroz e Cupim Godzilla. Assim como o Super-Homem, ela pode se mover rapidamente, levantar objetos extremamente pesados e rasgar os céus numa velocidade incrível.
Eu adorava.
Minha bisavó me dava um copo de Nescau, um prato com bolacha Maria, e eu vidrava naquela formiga. Sempre achei muito egraçado, quando ela não conseguia ter força suficiente para uma determinada tarefa, e voltava ao seu formigueiro para levantar seus halteres.
Só então, ela voltava para completar sua missão.



Abertura: A Formiga Atômica





Ufa...
Mais uma parte já foi.
Não vejo a  hora de rever os próximos três desenhos, para relembrar as melhores fases da minha vida, e tentar passar um pouco disso para vocês...
Amanhã tem mais...



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Eles cresceram comigo...

Desde o dia que eu nasci, até os dias de hoje, eu venho sofrendo influência do meio, na formação da minha personalidade.
No TODO que hoje sou eu, existe um pouquinho de cada elemento com o qual eu entrei em contato.
Músicas, filmes, pessoas, livros, jogos, professores, e até videoclipes.
E se tem algo que fo irealmente importante na minha formação, são os desenhos animados.
Os "amigos" que viviam dentro de mim, naquela época em que eu acordava às 8 da manhã para ver algum episódio fantástico, que eu já tinha visto mil vezes.
Por isso, a partir de hoje, estou iniciando uma série de postagens, em ordem regressiva, dos 20 (vinte) desenhos com maior responsabilidade (ou culpa) por aquilo que eu sou hoje.

Fiquem à vontade para manifestar suas opiniões, críticas, sugestões e afins....






20 - Jonny Quest (Jonny Quest)

Foi difícil encontrar um pra ser o último. Com qualquer um, a sensação era de injustiça. Como foi com Jonny Quest. Era uma série de ficção cientifica/aventura, sobre um garoto que acompanha seu pai em magníficas aventuras. Foi produzida entre 1964 e 1965 pela Hanna-Barbera Productions .
O desenho causou certo impacto quando foi lançado, por causa de seus traços e animação realistas, que destoavam do que os estúdios de Hanna-Barbera vinham fazendo até então.
Jonathan "Jonny" Quest, o personagem principal, é filho do Dr. Quest, um cientista que trabalha para o governo britânico em prol do planeta. Pai e filho contam com a ajuda de seu guarda-costas Roger "Race" Bannon, designado pela Rainha para a segurança deles, do amigo Hadji, que faz mágicas e foi adotado pelo Dr. na Índia, e do cãozinho buldogue Bandit, que sempre arruma uma encrenca a mais. A ideia central dos epsódios, é tentar proteger as descobertas do Doutor, em lugares como a selva amazônica, o Polo Norte, o Canadá, Tailândia e o Egito, e outros cenários como estes, que davam um caráter diferenciado à série.

Curiosidades:
  • O amigo de Jonny, o menino indiano Hadji, salvou a vida do Dr. Quest na Índia.
  • A série só contou com 26 episódios, que podem ser vistos num box com quatro DVDs da 1ª temporada.
  • Na versão de 1987, o Homem de Pedra chamado Granite integra o grupo de Jonny.
  • O falecido ator Ézio Ramos era o dublador brasileiro de Race Bannon.
  • Em The Real Adventures of Jonny Quest, é recontada a história de Jonny e Jessica Margaret Leya 'Jessie' Bannon, filha de 'Race' Bannon, entra para a série.
  • O nome do desenho inspirou o nome da banda brasileira de pop rock Jota Quest.
  • o 1º Episódio A guarda dos meninos de Harvey, O Advogado, do exinto quadro do programa Adult Swim da Cartoon Network, é uma "versão" paródia muito exagerada e escrachada de Jonny Quest .


Abertura: Jonny Quest







19 - Animaniacs (The Animaniacs)


Aí você deve estar se perguntando:

- "Mas Rafa... você já não era bem grandinho na época do Animaniacs?"

Sim, eu era. Mas são desenhos que moldaram a minha personalidade, e são duas coisas que vou continuar fazendo até morrer: moldar personalidade, e ver desenho.
Animaniacs era uma espécie de show de variedades, com uma série de tramas curtas, estrelando um grande elenco de personagens únicos. Cada história era tradicionalmente composta por 3 miniepisódios, cada um estrelando uma turma de personagens.
Os personagens, digamos, principais, eram os Irmãos Warner, Yakko, Wakko e Dot.
Yakko (o mais velho) é um falador. Wakko, o pré-adolescente, tem um apetite monstruoso e uma sacola cheia de truques de mágica.
Dot (a caçula) é uma garotinha que usa o charme e a fofura pra resolver qualquer situação.
Esses irmãos foram criados como estrelas dos filmes animados da Warner, na época do cinema mudo. Eles teriam ficado malucos, tendo de morar numa das torres d'água da Warner, aonde ficaram presos até a década de 90.

Curiosidade:
  • O nome completo de Dot, era Princessa Angelina Contessa Louisa Francesca Banana Fanna Bo Besca the Third.


Abertura: Animaniacs







18 - O Fantástico Mundo de Bob (Bobby’s World)

Com esse aqui, muita coisa se explica. Este desenho foi um dos favoritos de toda uma geração, o que o tornou um dos mais famosos dos anos 90. Contava a história de Bob Gerenic, um garoto de 4 anos que tinha uma imaginação, digamos, bastante fértil...
O desenho estreou no dia 8 de setembro de 1990, pela Fox Kids, nos Estados Unidos.
Já no Brasil, estreou em 1991, no programa da (ex-Playboy) Mara Maravilha.
Depois disso, os outros episódios foram exibidos no programa Bom Dia & Cia, na época apresentado por Jackeline Petkovic (ex-Fantasia).
A série teve 8 temporadas, terminando no ano de 1998.
Apesar de parecer, O Fantástico Mundo de Bob não era um desenho bobo, longe disso. Ele explorava um universo divertido, complexo e cheio de confusões dentro da mente infantil.
Bob (e seu triciclo) vive em uma vizinhança suburbana típica, mas o desenho animado leva o espectador para dentro de sua imaginação para descobrir um mundo de aventura e descobertas.
Cada episódio baseia-se em situações cotidianas da família junto aos problemas e medos que Bob tem durante o seu crescimento, que são ampliados (exageradamente) por sua imaginação infantil.
Bob tem a mania de levar tudo no sentido literal da coisa, deixando sua fantasia dominar suas ideias. Esse é um dos pontos que talvez tenha sido o segredo do sucesso da série: a identificação das crianças com a imaginação e o raciocínio literal de Bob.
A imaginação do personagem era evidenciada pelos traços de Bob, que ao contrário dos outros personagens do desenho, ele tinha uma cabeça desproporcionalmente grande para o seu corpo de criança.

Curiosidade:
  • Bobby é o alter ego do criador e ator da série, Howie Mandel, que também fez a voz do próprio Bobby.


Abertura: O Fantástico Mundo de Bob









Bom...por enquanto, era isso.
Em breve, eu volto com a segunda parte, com mais três desenhos marcantes na minha vida.
O espaço para comentários está aí, à disposição de todos, para qualquer ideia.
Fiquem à vontade.

Logo, logo a gente fica sabendo qual é o primeiro colocado, hehehe...






segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Vazio

Sempre tive essa vontade incontrolável de tirar uma casquinha.
Não, você não está me entendendo. Estou me referindo às capas dos machucados.
A vida toda foi assim: mal estava cicatrizando, eu ia lá e "riiiiip"... arrancava a dita cuja.
E o sangue vertia. E surgia aquela pequena ardência, que sempre me pareceu mais psicológica do que propriamente física.
Foi quando eu resolvi ir ao analista, para tentar resolver essa problemática...

- O que você tem? Me conta...
- Eu arranco as cascas dos machucados. Mas só dos meus. Sempre procurei ser um sujeito controlado, à medida do possível...
- Você se considera nervoso?
- Posso matar aquela barata, doutor?
- Que barata?
- Não consigo ver baratas sem matar. Sempre fiz isso para a minha mãe...
- Ok, ok...fale mais, então...
- Da minha mãe?
- Não, de você mesmo...
- Uma vez eu tive uma namorada, mas ela me deixou porque eu arrancava as cascas dos meus próprios machucados...
- E por que você acha que foi essa a razão?
- O cara que encontrei embaixo da cama me contou...
- Ah... Fale mais!
- Da cama?
- Afinal, por que você se preocupa tanto com as cascas dos machucados?
- Porque são meus machucados, ué...E porque sai sangue; o meu sangue, ora bolas...
- Talvez então este seja um bom motivo para você parar de arrancar as cascas dos seus machucados...

E eu posso com isso?
Se eu não arrancasse cascas dos meus machucados, não teria motivo nenhum para procurar um analista, não teria perdido namoradas e ele, fatalmente, não estaria ganhando o meu dinheiro.
A gente passa por cada uma...


E você...já sabe o que fazer?

Um dia um lampejo irá nos despertar para a verdade...
E só então veremos a realidade do que está sob o véu... Será o dia no qual encontraremos as respostas para todos nossos questionamentos...
Será um dia nebuloso...
Esse será o novo Dia D...
O pavor e o espanto tornarão nossas vidas inquietantes. Por sabermos que sempre fomos enganados, por sabermos que nada era como pensávamos que fosse.
O remorso e o arrependimento transformarão nossas noites em eternos pesadelos.
Por não termos tomado outros caminhos, por não termos sonhado, por termos sempre deixado pra amanhã o que podíamos fazer agora, por não termos acordado a tempo de tomar certas iniciativas. Por termos sidos tão passivos quanto ao mundo. Lembraremos de nossas guerras sem motivos, lembraremos do sangue derramado por nossos irmãos, lembraremos da mancha negra que deixamos sobre a Terra, lembraremos de todos os absurdos e do que não se deu nome...

A partir de então, procuraremos o responsável por tamanha estupidez...
Viajaremos por todo o mundo, vasculharemos todas as moradias, procuraremos por todas as terras, por todos os oceanos... nada e tudo encontraremos...
E ao cairmos desfalecidos pelo cansaço da dor sonharemos nosso primeiro e último pesadelo...
Ao acordarmos teremos a resposta....
Saberemos, enfim, o nome do inimigo que tanto procurávamos:

Nós... nós mesmos....

Da Série: Ficando Íntimo - parte 2

Quando a gente é criança, geralmente não entende certas coisas que os pais fazem - ou nos proibem de fazer -, principalmente quando se utilizam do clássico "É pro seu bem!", para justificar.

- "Ahhh, deixa eu ir jogar bola na chuva, deixa....não tem nada demais...
Só porque eu tô com 48 graus de febre, tendo alucinações e vomitando?!?!"

- "Não, praga... já falei que não... sossega o rabo aí. É pro teu bem."


Mas há situações que, só depois de barbudo, fui perceber o achincalhe, a humilhação e o ridículo nos quais eu me meteria, não fosse a insistente e pertinente proibição de meus pais.
Quando fedelho, eu tinha uma vontade inexplicável de me vestir de múmia.
Sei lá porquê.
E não podia ser com fantasia, ou com máscara, nada disso.
Era com atadura mesmo. Tinha que ser uma múmia original.

Enchi tanto o saco da minha mãe, a ponto de fazê-la prometer que na volta do trabalho traria milhares de pacotes de ataduras para o meu complexo processo de mumificação.
Sequer passava pela minha cabeça a magnitude do papelão que poderia fazer.
naquele dia, eu mal comi, tamanha a ansiedade. Passei a manhã e a tarde ensaiando aquele passo clássico de múmia, sabe?
Caminhando sem dobrar os joelhos, de bracinho esticado pra frente...

Ela trouxe.
Mas, segundo ela, um pacotinho só, porque tinha acabado na farmácia.
Eu fiquei muito revoltado, porque só deu pra enfaixar o braço, até perto do cotovelo, e eu queria o corpo todo.
A cara, inclusive.

Só alguns anos depois eu fui ter uma noção do bem que ela me fez.

Também houve uma época, em que tudo que mais desejava era ter um "tapa olho".
Nesta feita - infelizmente -, minha aporrinhação suplantou a bondade e paciência dos meus pais que - sem mais alternativas - fizeram em casa mesmo, um apetrecho desses pra mim, com um pedaço de couro que sobrou da joelheira da calça de abrigo.
Usei bem contente pelo prédio, pelo colégio, na rua...

O resultado é que, até hoje, sou alvo de chacota por causa disso...


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dualidades

O ser humano é engraçado, né. No mínimo, curioso.
Entre todas as características que definem cada pessoa, a que mais me chama a atenção, é a capacidade de desenvolver uma força que "impulsiona para frente", mas que pode, com a mesma intensidade, te "tragar como se fosse um repuxo".
Não há ser vivo que não precise encarar essa dualidade.
Em alguns, pode manifestar-se como uma coragem excessiva. Que pode levar o indivíduo a tomar decisões que um ser humano comum evitaria, seja por medo, seja por algum outro receio. Entretanto, essa coragem pode expô-lo. Curiosamente, a riscos que aquele mesmo cidadão comum jamais experimentaria.

Ao invés da coragem, essa força pode vestir a máscara da ambição.
Da crítica. Da fé.
Em mim, por incrível que pareça, essa força vestiu as máscaras da vontade e da capacidade de amar. Quando amo, amo demais. Me entrego demais e, como diria o poeta, amo como se não houvesse amanhã.
Em um primeiro momento, dá a impressão de ser uma característica muito boa, positiva.
E realmente o é. Essa característica é responsável por ânimo revigorado toda manhã. Serve de incentivo para as minhas conquistas, todas dedicadas àqueles que amo.
Minha esposa, minha mãe, minha vó, minha cadelinha.
Amo demais todas as fêmeas da minha vida. Amo até doer.
Amo angustiadamente. Amo e chego a sentir a dor do aperto cada vez que preciso me afastar de alguma delas.


Essa mesma força, "me puxa para baixo".
De uma maneira vulgar e egoísta, essa mesma força chega a um ponto de fazer com que eu não queria mais amar. Nada nem ninguém.
Faz com que eu queira abrir mão do sentimento mais puro e lindo do mundo, para que no final das contas, não precise lidar com a perda. Seja ela física ou mental.
Amar dessa forma, me leva a pensar constantemente na maneira com que vou lidar quando perder cada uma dessas criaturas queridas.
Amo infinitamente mais minha cadela de estimação do que a grande maioria dos meus familiares. Apesar disso, já passei por momentos em que preferi nunca ter entrado em contato com ela. Simplesmente por não saber como enfrentar o momento de perdê-la.

Invariavelmente, me sinto perdido no roteiro de "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".
Afinal de contas, o que é melhor?
Amar até explodir, ou nunca amar, para não precisar lidar com a ausência do ser amado?

Da Série: "Ficando Íntimo - parte 1"



Eu já...

  • ...viajei de avião.
  • ...tomei um porre.
  • ...acordei na madrugada sem saber direito onde estava.
  • ...caí dentro de um ônibus.
  • ...achei que um travesti fosse mulher. (mas não cheguei a pegar, só por informação)
  • ...disfarcei com sucesso uma bebedeira astronômica.
  • ...fiquei com duas meninas, juntas.
  • ...estive em Nova York.
  • ...fiquei na rua sem combustível.
  • ...broxei.
  • ...comprei um CD de pagode.
  • ...fui abordado injustamente pela polícia.
  • ...fui abordado justamente pela polícia.
  • ...estive em Buenos Aires.
  • ...joguei futebol no Grêmio.
  • ...dancei pagode em aniversário.
  • ...amarrei a gravata na cabeça depois de bebum, em festa de 15 anos.
  • ...fui posto pra rua em uma festa.
  • ...fui DJ.
  • ...fui a uma casa de swing. 
  • ...usei alguns produtos com o intuito de alterar meu estado. Mental.
  • ...torci pra Argentina.
  • ...estive em Angra dos Reis.
  • ...disse "Eu te Amo" sem ser verdadeiro.
  • ...faltei a uma prova da faculdade para jogar futsal.
  • ...menti no currículo.
  • ...escrevi uma matéria inteira usando textos de terceiros.
  • ...arranquei uma unha do dedão do pé.
  • ...usei sandália.
  • ...usei calça beggy.
  • ...colecionei formigas.
  • ...comi comida japonesa com leite.
  • ...fui despedido e recontratado pela mesma pessoa.
  • ...mandei chefe à merda.
  • ...paguei por isso depois.
  • ...apanhei de uma cambada de taxistas.
  • ...dormi assistindo Alien.
  • ...misturei melancia com uva.
  • ...joguei pedra em carroceiro que estava maltratando um cavalo.
  • ...dei minha comida para uma senhora com fome.
  • ...fui debochado por isso.
  • ...fui a um casamento usando bombacha e tênis.
  • ...subi em uma árvore e não soube descer.
  • ...entrei em um carro idêntico ao meu no estacionamento do shopping.

Das esquisitices...

Tenho como hábito, ir dormir por volta da uma hora da madrugada.
Às vezes um pouco antes, às vezes um pouco depois, mas na média é isso mesmo.
Acordo pontualmente às seis e trinta da manhã. Isso significa que permaneço acordado, mais ou menos, cerca de 17 horas por dia. Dessas 17, acredito que durante uns 80% - ou o equivalente a 13 horas e seis minutos - eu penso em sexo, ou em suas adjacências.

Às vezes acho que isso não é normal. Mas...

Certa vez, uma amiga me confidenciou que tem a mania de tentar visualizar todo mundo pelado, e de ficar imaginando as pessoas com as quais conversa, fazendo sexo.
Falei pra ela que nunca mais a levaria para visitar minha avó.
Nem ninguém mais da minha família.
E passei a escolher a cueca com mais atenção nos dias em que pudesse encontrá-la.
Essa amiga uma vez me pediu pra transar com um mamão, e depois lhe contar como foi.
Vivia lamentando-se que sua frustração maior é não ter nascido homem, e por isso não poder trepar com um mamão.

Um ex-colega de faculdade comentava, até com as professoras, que conseguia rijas e sólidas ereções só com o balanço do andar de ônibus. Lembro que até perguntei se não era por causa de algumas alunas do curso de Direito, que voltavam no mesmo veículo, mas ele respondeu firme:

- "Não, cara... é o busão que me deixa fissurado. A mulherada ajuda, é claro; cada calcinha...
Mas o balanço do ônibus é foda...
"

No segundo grau, um colega de turma jogava viciadamente aquele Street Fighter, do SuperNes. Era um videogame que antecedeu o PlayStation; não vem ao caso agora.
O fato é que o rapazote só parava de jogar o troço pra tomar banho e pra dormir. Nem pra comer ele "dava Pause".
Só um tempo mais tarde fui descobrir o verdadeiro motivo de tamanha dedicação. Uma das personagens do joguinho, a Chun Li, usava uma minissaia indecente, bem acima das coxas. A cada golpe, a peça levantava e deixava aparecer generosas porções de megapixels da região das nádegas. Era o suficiente para o menino gastar bons momentos de sua vida masturbando-se perante a televisão.

Uma vizinha do prédio onde eu morava, quando solteiro ainda, comprou até binóculo. Tinha - e acho que ainda deve ter - uma tara em pessoas na janela. Sabia o horário do banho de cada um dos moradores do prédio.
Eram 75 apartamentos.
Desenvolveu uma agilidade assombrosa, desviando dos móveis para chegar a tempo de ver a adolescente do 301 e ainda voltar a tempo de ver o coroa do 703, cujo banheiro ficava nos fundos. Segundo ela, era como viver em um imenso Big Brother, porém com as pessoas bem mais perto, reais. E que tiram a roupa toda no banho...

-"Tu não sabe como me excita isso... tu não tem noção" - dizia ela, esbaforida.

E agora me diz: eu não sou normal só porque penso bastante em sexo?
Ou sou "freak" porque não escondo o que eu gosto?

Parece que, mais uma vez, o que importa - e não deveria - aqui, é o que os outros irão pensar.
Para ser considerado dentro dos padrões, é preciso gostar do mesmo que os outros, sentir o mesmo que os outros, como se fôssemos todos fabricados em série...

Triste, né...

Quem dera...

 




Se tem coisa que eu quero na vida, mais do que cruzar o caminho de um disco voador, é encontrar uma outra pessoa que admita acreditar.
Não é de hoje que sou fanático por isso.
Lembro que, ainda muito pequeno, fui tomado de assalto por uma imagem diferente, bonita e estranha acompanhando a ida de minha família até a praia.
Era madrugada, e no carro estavam meus pais, minhas avós e eu.
Além de meu pai, que dirigia o carro, só eu estava acordado.
Lembro que, quando criança, ficava fascinado ao olhar para o céu na madrugada escura das estradas. Não sentia sono algum, ao contrário, me sentia ainda mais acordado observando uma infinidade de estrelas, satélites, planetas e meteoritos totalmente novas, imperceptíveis nos céus enfumaçados da capital.

Bem... nessa noite, o silêncio imperava dentro do veículo, o que fazia minha imaginação chegar ainda mais perto de todos aqueles astros.
Foi quando vi, ainda pela primeira vez naquela madrugada, algo que nunca mais esqueci.
Não vou relatar com detalhes, porque sei que todos vão pensar que estou brincando, ou inventando, pra usar no texto.
Mas vi, e, lá nos meus segredos, posso jurar que tratava-se de algo jamais visto ou imaginado pelo homem. Se era uma nave, confesso que até hoje não sei.
Se tinha alguém pilotando, sei menos ainda.
Ora movimentava-se, ora ficava estática.
Parecia que nos observava, acompanhava, durante a viagem.
Meu pai, aparentemente, nada havia visto, mas não quis avisá-lo.
Não tinha coragem de tirar os olhos daquele fenômeno. O restante da família dormia.
Pelos meus pensamentos a única idéia que ia e voltava era:

- "Quanta gente poderia passar por isso se prestasse mais atenção nos detalhes. Se pensassem menos em si mesmos..."

Não tirava o olho da luz, em momento algum. Durante alguns instantes até medo eu senti.
Não sei por quanto tempo aquilo ainda durou; perdi um pouco a noção dos minutos.
De repente, apagou. Fiquei ainda alguns instantes mirando o céu, atrás daquela luz, mas não vi mais nada. Agora nem mesmo as milhares de estrelas faziam diferença. Foi como se eu tivesse sido tomado por uma dose cavalar de adrenalina, e agora eu precisava de mais, como um viciado. Mais alguns quilômetros, e nada.
Nem avião passou por sobre a minha cabeça.
Até que, já quase chegando na praia, o mesmo reflexo invadiu a minha janela.
Não sei bem porque, mas aquela luz voltou novamente.
Por muito menos tempo, é verdade. Mas voltou.

Naquela noite, definitivamente não dormi.
No outro dia, não tinha coragem de contar nada a ninguém. Nem pra minha mãe.
Na verdade eu comentava, até comigo mesmo, que aquilo certamente teria sido um sonho; que na verdade eu já deveria ter cochilado há horas.
Durante toda a tarde seguinte, tentei me convencer que aquela luz toda não passava da luz alta de um caminhão viajando no sentido contrário.

E foi assim que sepultei um dos momentos mais bacanas da minha infância.

Tudo por causa de uma convenção boba, que chama de lunático aquele que acredita em vida inteligente fora da terra.
Mas não adiantou muito. Nunca consegui esquecer aquela madrugada.
Cresci, sem tocar nunca mais naquele assunto. Houve épocas em que me sentia mesmo meio lunático. Simplesmente por acreditar em algo que, ora bolas, eu HAVIA VISTO.
Enquanto isso eu era obrigado a continuar acreditando em Deus, por exemplo.
Que, aliás, nunca vi.

Hoje, depois de alguns bons anos, enchi o saco. Cansei de pensar sozinho nesse assunto.
Não posso ter sido o único privilegiado. Mais alguém deve estar passando por essa mesma agonia, de querer alguém para dividir as mesmas dúvidas e as mesmas conclusões.

Aqui, os lunáticos são sempre bem-vindos...
Sempre...
Tendo visto alguma luz ou não...

Recicle-se

Estava, agora há pouco, arrumando umas gavetas, jogando fora velhos papéis.
Achei um com anotações destacadas. Antes de rasgá-lo e despejá-lo no lixo reciclável, resolvi passar para cá algumas idéias que estavam ali anotadas:



  • As pessoas esquecem de sua identidade, e pior, a confundem com identificação.
    Nos identificamos com a torcida de futebol, com o personagem da novela, e etc...
    Isso é identificação, mas não é identidade.
    Identidade é sabermos que somos realmente.
    Não somos o que pensamos que somos.
    Estamos assim apenas. O que realmente somos é a identidade, e cabe a todos trilharmos o caminho dessa descoberta.

  • A sociedade desse mundo ilusório que vivemos nos faz esquecer da Idendidade, e a Sinceridade é trocada por "Sinceridades Sucessivas"...
  • Vivemos em uma eterna Metamorfose Ambulante. Estamos sempre provisórios. Queremos os grupos e as idéias, mas não de forma permanente.
  • Queremos os grupos, as egrégoras, mas não deixamos a nossa individualidade. As famílias tem tv na sala e também tem tv nos quartos...
  • Quem tá aqui quer ir prá lá. Quem tá lá quer vir prá cá... Essa é a "Síndrome do outro lado". Quem tá na floresta quer ir pra cidade e quem tá na cidade quer ir no mato...
  • Esse desejo permanente de mudança ("Sinceridades Sucessivas", "Síndrome do outro lado") serve principalmente para nos roubar o agora. Nossa mente devaneia nas fluídas possibilidades do "pode ser", e desvia do que "já é".
  • Estamos dependentes des "Próteses Tecnológicas". Estamos virando Cyborgs. Celulares, notebooks, tablets, GPS, e outros gadgets tentam substituir o que está perdido dentro de nós: a onisciência e a onipresença divinas. Illusion World.


Pronto... Agora o papel pode ir para o lixo.